Nessa quinzena me deliciei com quatro filmes lindos da diretora belga Agnès Varda. Coloco aqui os links de alguns trechos de filmes que achei fantásticos e que ajudarão na leitura do post. Porém, não consegui todos eles com legendas:
Le Bonheur (1965)
La Pointe-Courte (1955)
A escolha dos filmes foi baseada nos anos (os mais próximos ao início da Nouvelle vague) e também por indicação da professora Cláudia Mesquita.
Percebi que os filmes dessa quinzena, de Agnès Varda, possuem uma temática mais afetiva, que tratam dos senitmentos dos seres humanos nas mais diversas situações. O filme Cléo de 5 às 7, por exemplo, trata da agonia, da tensão da jovem e bela cantora de rádio Cléo durante 1 hora e meia enquanto espera o resultado de um exame, que, como se pode deduzir com o filme, confirmará uma suspeita de câncer. Varda disse sobre as situações mostradas no filme: “Eu queria me aproximar dos momentos dos quais não se espera nada e que se revelam mais tocantes que outros” (1) Além disso, é interessante notar, inclusive nesse trecho do filme, o quanto a personagem se endeusa e como Agnes trata disso.
No meu entendimento, essa frase da diretora pode ser usada para compreender os outros filmes dela, pois eles têm roteiros, em certa medida, com histórias dramáticas, sim, mas sem grandes acontecimentos (como explosões, tiros, ou outros tipos de surpresa), mas que me atingiram profundamente de maneira mais sutil, sentimental. Além do filme citado acima, outro que me tocou de forma semelhante foi o Le Bonheur (A felicidade), que tematiza um triângulo amoroso de um homem casado e uma amante. O curioso é que o homem não é infeliz com sua esposa (declaradamente, ele assume à amante) e não se pune/culpa por levar dois relacionamentos ao mesmo tempo.
A profundidade do filme, para mim, está no fato de a diretora parecer transmitir naturalidade no comportamento do homem,uma vez que ele decide revelar o caso extra-conjulgal à sua esposa, que, a seguir, parece ter suicidado. Sem dúvidas, esse filme foi o que mais gostei, não só pela temática, mas por ter uma fotografia sensacional, sem contar as montagens e enquadramentos espetaculares e até a combinação de cores que a diretora dispõe. Esse trecho do filme acima ilustra bem isso que admirei, principalmente no quesito dos enquadramentos.
Falando mais de afetividade, isso também ficou evidente nos outros filmes que assisti (L'opéra-Mouffe e La Pointe-courte). No primeiro, a diretora fala sobre uma rua e do que acontece nela, colocando inclusive questões mais pessoais, que afirma numa entrevista "É preciso dizer que eu estava grávida. Isso não é dito no filme, nem é colocado como uma situação pessoal, mas como um certo olhar. "L'opéra-Mouffe" não é um documentário social, é um certo olhar, o meu, sobre a realidade tal como a senti naquele dado momento, como mulher, como cineasta. Isto é um documentário subjetivo."(2) Essa frase confirma aquela Política dos autores citada no último post, na qual Truffaut pregava a importância do toque do diretor no filme, de maneira que desse para perceber quando um filme "pertence" a um diretor.
A profundidade do filme, para mim, está no fato de a diretora parecer transmitir naturalidade no comportamento do homem,uma vez que ele decide revelar o caso extra-conjulgal à sua esposa, que, a seguir, parece ter suicidado. Sem dúvidas, esse filme foi o que mais gostei, não só pela temática, mas por ter uma fotografia sensacional, sem contar as montagens e enquadramentos espetaculares e até a combinação de cores que a diretora dispõe. Esse trecho do filme acima ilustra bem isso que admirei, principalmente no quesito dos enquadramentos.
Falando mais de afetividade, isso também ficou evidente nos outros filmes que assisti (L'opéra-Mouffe e La Pointe-courte). No primeiro, a diretora fala sobre uma rua e do que acontece nela, colocando inclusive questões mais pessoais, que afirma numa entrevista "É preciso dizer que eu estava grávida. Isso não é dito no filme, nem é colocado como uma situação pessoal, mas como um certo olhar. "L'opéra-Mouffe" não é um documentário social, é um certo olhar, o meu, sobre a realidade tal como a senti naquele dado momento, como mulher, como cineasta. Isto é um documentário subjetivo."(2) Essa frase confirma aquela Política dos autores citada no último post, na qual Truffaut pregava a importância do toque do diretor no filme, de maneira que desse para perceber quando um filme "pertence" a um diretor.
Já no segundo, esse "sentimentalismo" também está presente, pois, além de haver uma retomada do local de nascimento do personagem - trazendo um pouco saudade - há o dilema de um casal, juntos há mais de 4 anos, que enfrentam uma crise. O filme é permeado de conversas muito profundas entre o marido e a mulher, que questionam o amor que se tem pelo próprio amor e contrapõem ao amor pela pessoa que se tem esse sentimento. O casal acaba reatando, pois a mulher - que teve, a princípio, a idéia de se divorciar - percebe que a ligação que eles têm não se romperá jamais, vendo-se, assim, diante do amor que ela tem pelo seu marido per se e não pelo sentimento amoroso.
Agradeço à professora Cláudia pela disponibilidade e pelas dicas dadas. Espero ter sido mais clara neste post.
Agradeço à professora Cláudia pela disponibilidade e pelas dicas dadas. Espero ter sido mais clara neste post.
Referências bibliográficas:
(1) Catálogo do Centro Cultural do Banco do Brasil do ano de 2008 sobre a Nouvelle Vague (disponível online: http://www.lavoroproducoes.com.br/site/downloads/NV.pdf
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