Shinjû: Ten no amijima |
Masahiro Shinoda foi um desses novos diretores, e como Lucia
Nagib aponta no livro “Em torno da Nouvelle Vague Japonesa”¹ ao ser admitido na produtora Shochiku em 1953,
ele reflete o estado contemporâneo e jovem da época com longas fervorosos em
sua violência e melodrama.
Shinoda compreendia esse Japão antigo que deixava de
existir, capturando em seus primeiros filmes esse país em ruínas, e encontrando
as faces e histórias das pessoas por baixo desse desmoronamento. “Lago Seco” (Kawaita mizuumi ,1960) se foca na vida
de um jovem em contato com profundas modificações politicas na sociedade
em que vive. Registrando esse mundo de intrigas com a câmera na mão que entrava
em voga, o diretor também utiliza tomadas documentais para compor esse quadro
de um país não muito próximo da prosperidade. Em “O meu rosto vermelho ao
pôr-do-sol” (Yuhi ni akai ore no kao, 1961) que trata de um grupo de matadores profissionais, encontramos no
final feliz e na transformação de uma assassina sem escrúpulos numa mulher
apaixonada querendo justiça, algumas fagulhas de um otimismo raro na Nuberu
Bagu, em meio a um virtuosismo técnico incrível que Shinoda mantem no filme,
com belíssimos planos e uma fotografia absurda.
Yuhi ni akai ore no kao
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Masahiro incorpora não só um nacionalismo latente ao ver
esse Japão presente e posteriormente ao voltar para a história do Japão passado,
mas também por apreciar amplamente as artes que ele tanto foi influenciado. Da
literatura ao bunraku (teatro de bonecos)². Se em “Assassinato” (Ansatsu,1964) ele valoriza o drama de época numa perspectiva
trágica e quase niilista , em “Duplo suicídio em Amijima” (Shinjû: Ten no amijima ,1969) encontramos uma força estilística com
plena liberdade criativa. Ele já havia saído da Shochiku na época e desenvolveu
este filme com grande beleza formal e enquadramentos de uma plasticidade em
plena consonância com sua mise-en-scène quase teatral e uma trama auto-reflexiva mostrando a fragilidade do amor e a fatalidade do destino.
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¹ NAGIB, Lúcia. Em torno da Nouvelle Vague Japonesa. São Paulo, Ed. Unicamp, 1993.
¹ NAGIB, Lúcia. Em torno da Nouvelle Vague Japonesa. São Paulo, Ed. Unicamp, 1993.
² idem
Parabéns, Johnatan! Ótimo post!
ResponderExcluirCuidado apenas para não extrapolar o limite de caracteres (2mil).
ResponderExcluirObrigada!