terça-feira, 29 de maio de 2012
Metrópolis [Raissa Fernandes] # 3
O expressionismo foi um movimento artístico cultural extremamente rico e amplo. Teve início antes mesmo da 1ª Guerra Mundial e foi marcado pela crise do sistema capitalista, do qual os artistas teciam críticas e expressavam seu descontentamento por meio de suas obras. Longe de querer entender o movimento em sua plenitude, irei esboçar algumas considerações sobre o expressionismo no cinema alemão e mais especificamente no filme que é considerado por muitos como o último filme expressionista: Metrópolis de Fritz Lang. A superprodução que enfrentou um grande fracasso de bilheteria quando lançada é hoje parte do patrimônio documental da humanidade e faz parte da “Memória do Mundo”, da UNESCO.
O filme de Lang abusou da produção e em 1927 surpreende com muitos efeitos especiais e imagens muito impressionantes como a famosa panorâmica da cidade da trama com prédios enormes e carros voadores. A obra é uma ficção científica recheada de metáforas, alegorias e críticas. O contexto era de uma Alemanha destruída e derrotada pela 1ª Guerra e o “grito” expressionista daria vazão ao desespero e às angústias coletivas.
A história é de uma cidade claramente dividida entre a classe trabalhadora que é extremamente explorada e vive escondida em uma cidade subterrânea sustentando a burguesia que vive na moderna cidade superior. Uma das moradoras da cidade subterrânea leva algumas crianças operárias para a cidade à superfície e então o filho do dono da maior fábrica subterrânea da cidade conhece essas crianças. Nesse momento, as expressões, os olhares e os gestos das crianças e da mulher são extremamente marcados como uma forte característica expressionista e são como palavras para o espectador. O filho do dono (Freder) já entende a angústia e o sofrimento daquele povo por meio de suas expressões e a partir daí, ele se envolve com a luta dos operários e a trama vai se passar nesse conflito. Fritz Lang chegou a dizer em entrevista que o motivo do filme vai passar por esse “combate dos indivíduos contra as circunstâncias em que se encontram.“
Assim, o filme traz a tona as questões políticas e os conflitos do período usando de características clássicas do expressionismo. Utiliza cenários artificiais, enquadramentos oblíquos, iluminações dramáticas e os temas de loucura e morte que tem lugar privilegiado.
Os sentimentos de angústia, medo, desespero e de falta de sentido que ficaram como conseqüência da guerra na Alemanha, são demonstrados nas expressões aumentadas e exageradas dos atores. Sem dúvida é um marco extremamente importante na história do cinema.
Referência: http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int/doc_07_08/14_metropolis.pdf
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