A coluna Pif Paf, da Revista O Cruzeiro,
caracterizava-se por realizar, predominantemente, a crítica de costumes,
mesclando poemas e sátiras, crônicas e fábulas em uma mesma
página. A coluna foi definida como “uma elaborada combinação de
grafismos malcomportados e tiradas demolidoras, [onde] o cético Millôr
levou a sério suas máximas livre pensar é só pensar e divagar e
sempre”.QUEIROZ, Andréa Cristina de Barros.PIFPAF e Millôr: a densidade em
tempos de efemeridade.)
Pif Paf enquanto coluna diferenciava-se de
Pif Paf revista principalmente quanto à temática de seu conteúdo. Enquanto a
primeira era mais sutil e, de certa forma lúdica (havia a seção 'Composissão
Infantiu), a segunda era mais comprometida com a crítica política (mas sem
deixar de lado a critica de costumes). A razão para essa discrepância é clara:
uma vez inserida em um jornal de uma grande cadeia, os Diários Associados, a
coluna devia alinhar-se aos interesses deste veículo, não possuindo muita
autonomia - tanto é que Millôr foi demitido d'O Cruzeiro justamente por ter
escrito uma fábula que questionava a condição humana e os personagens bíblicos,
contrariando os interesses religiosos. Já a revista Pif Paf, um veículo da
imprensa alternativa, distinguia-se dos grandes jornais principalmente pelo não
alinhamento político e pela oposição aos setores dominantes, pela hierarquia
redacional e pela tentativa de independência financeira.
Justamente por realizar
a crítica ao regime militar e ter sido um periódico independente e sem
anunciantes, a revista Pif Paf teve vida efêmera: durou apenas quatro meses,
totalizando oito exemplares. O ponto forte a ser destacado na publicação é a
irreverência de seus autores, que faziam piada da dor, como gostava de dizer o
próprio Millôr. O último volume da revista trazia o golpe final ao regime, a
crítica mais afiada e, ao mesmo tempo, sutil:
"Quem avisa, amigo é: se o governo continuar deixando que certos jornalistas falem em eleições; se o governo continuar deixando que determinados jornais façam restrições à sua política financeira; se o governo continuar deixando que alguns políticos teimem em manter suas candidaturas; se o governo continuar deixando que algumas pessoas pensem por sua própria cabeça; e sobretudo, se o governo continuar deixando que circule esta revista, com toda sua irreverência e crítica, dentre em breve estaremos caindo numa democracia". (PifPaf, 1964: n° 8)
Obs.: o texto de referência para este post foi trocado, pois o que eu havia previsto não acrescentava muito à minha pesquisa. Por isso, ao invés de ler A Bíblia do Caos, de Millor, li o referido texto de Andréa Queiroz.
Oi, Isabela, ótimo post! Parabéns!
ResponderExcluirEm relação à referência citada no primeiro parágrafo, bastava indicar (QUEIROZ, ano) e, ao final, você poderia colocar a referência completa.
Ou então, trazer no texto mesmo, "Como referência para esse post, partimos do texto XXX..., escrito por..."
Só um lembrete sempre e a todos: citações literais dos textos utilizados como referência devem vir entre aspas.
Um abraço,
Danila.