Este segundo post irá tratar do período em que o cinema mudo, realmente, tendeu ao desenvolvimento. A primeira década do séc. XX além de implantar a arte na linguagem cinematográfica, mercantilizou seu conteúdo a ponto de torná-lo um dos produtos mais rentáveis da época.
O público já estava se cansando das exibições repetitivas dos irmãos Lumière, que apresentavam, dentre outras coisas, carros, trens e pessoas apenas passando nas ruas quando Georges Méliès traz, do teatro e dos espetáculos de mágica, uma atmosfera de fantasia para as produções silenciosas e resgata o furor das pessoas em relação ao novo meio. Ou seja, o cinema estava passando por um declínio (a pouquíssimos anos de sua invenção), mas o problema não estava na tecnologia, estava nos filmes.
E assim, Méliès trouxe a ficção para o cinema; o contar histórias, tão aclamado e ao mesmo tempo tão polêmico durante toda a historiografia da sétima arte. Os irmãos Lumière dedicaram-se a divulgação do aparelho, eram empresários, enquanto Méliès, artista, apostou em filmes nos quais podia imprimir sua imaginação. Seus pequenos truques, porém geniais, foram os responsáveis pelo sucesso do produtor. Cenário, figurino, iluminação, efeitos especiais... o primeiro ET, as primeiras decapitações, a primeira viagem a Lua. O francês superou a limitação temática dos Lumière, seus filmes tangiam a magia de uma forma que o público da época jamais poderia imaginar. “Viagem a Lua”, de 1902, pode ser considerada um dos primeiros filmes de ficção da história. É fantástico assisti-lo e pensar o quão revolucionário deve ter sido na época. Ainda que para nós, do séc. XXI, pareça primitivo.
No entanto, sua linguagem claramente influenciada pelo teatro, “Toda ação era enquadrada como se o espectador estivesse sentado na primeira fila do teatro. Sem closes nem planos.” (SABADIN, Celso. 1997. p. 67), também não conseguiu sobreviver durante muito tempo, uma vez que valia-se apenas de técnicas artesanais e o sentimento capitalista da segunda revolução industrial já era vigente em tal período.
No entanto, sua linguagem claramente influenciada pelo teatro, “Toda ação era enquadrada como se o espectador estivesse sentado na primeira fila do teatro. Sem closes nem planos.” (SABADIN, Celso. 1997. p. 67), também não conseguiu sobreviver durante muito tempo, uma vez que valia-se apenas de técnicas artesanais e o sentimento capitalista da segunda revolução industrial já era vigente em tal período.
Charles Pathé, também francês, foi o mediador, capaz de unir o empreendedorismo dos Lumière à arte de Méliès, tornando-se, com o isso, o “O magnata da indústria cinematográfica”, bem como disse Celso Sabadin. Implantou a exibição em massa e o aluguel de filmes, atividades que se mostraram extremamente rentáveis. O cinema se tornou indústria e se alastrou pelo mundo. Seus filmes, apesar de famosos e mais desenvolvidos, tecnologicamente falando, em relação aos de Méliès, não eram tão originais e criativos como os dele. O foco se tornou, realmente, a atividade comercial.
Desta forma, tal período da história do cinema também se viu representada na exibição cinematográfica: A história do cinema mudo ao vivo. A qual eu acompanhei e pude notar, já na segunda etapa do projeto, a evolução pela qual o cinema mudo atravessou. No lugar de pequenas filmagens do cotidiano, apareceram filmes um pouco maiores e enredados, a narrativa já estava presente e as películas mais elaboradas, também no que diz respeito às técnicas. Mas, ainda sem muitas sofisticações, é verdade, porém no lugar disso, há um fascínio em ver como cada passo foi sendo dado bem devagar e em imaginar como o cinema, em versão muda, era uma tecnologia avançadíssima na época.
ASSISTA:
"Viagem à Lua", de Georges Méliès
(sugiro, pelo menos, o trecho entre 3:00 e 6:20)
(sugiro, pelo menos, o trecho entre 3:00 e 6:20)
Nesta quinzena, percebi algo que, inclusive, a Regiane já havia me alertado. Adotei uma quantidade significativa de obras literárias sobre a história do cinema e elas acabaram se tornando repetitivas. Por isso, resolvi deixar algumas menos objetivas de lado e adotei como referencia apenas:
Sombras móveis: atualidade no cinema mudo. NAZÁRIO, Luiz. Belo Horizonte: Editora UFMG: Midia@rteUFMG, 1999. 334 p.
A segunda parte da mostra cinematográfica de Ana Gusmão, da qual também já me referi no primeiro post e alguns vídeos provenientes do site Youtube.
Imagens do filme "Viagem à Lua".
Ei Camila.Dá para perceber que você está bastante envolvida com o trabalho. Excelente postagem!
ResponderExcluirObrigada!
ResponderExcluir