segunda-feira, 14 de maio de 2012
A realidade onírica de Buñel [Raissa Fernandes] #2
Aquela estranha confusão de uns sonhos que parecem verdade e de umas realidades que parecem sonhos fascinava Buñel. O cineasta espanhol é uma das maiores referências do chamado cinema Surreal. Neste post me dedico a um breve comentário sobre o pensamento surrealista de Luis Buñel.
Buñel pensava em realidade de uma maneira bem mais ampla do que o usual. Ele enxergava sonho e realidade (aspectos corriqueiramente considerados contraditórios) como se unindo numa espécie de “realidade absoluta, de surrealidade”. Buñel chegou a citar Breton (poeta e teórico do surrealismo) para mostrar que para ele, não existia diferença entre o real e o fantástico. “O que é mais admirável no fantástico é que ele não existe, tudo é real” (Breton citado por Buñel). E compartilhando da característica comum às primeiras vanguardas, Buñel queria fugir da verossimilhança e ser um filme libertador.
Assim, para construir seus filmes, Buñel partia de uma imagem onírica, do irracional, do que não se pode apreender, imitando não o verossímil, mas o esquema ilógico e descontínuo dos sonhos. Era um “senso de libertação” que desafiava não só a verdade, como qualquer idéia de instituição, sistema ou regra.
Em seu primeiro filme, “Um cão Andaluz”, o manifesto surrealista fica claro, quando Buñel nos espanta com cenas totalmente sem sentido e impossíveis: uma vaca deitada na cama, a mão de um homem se desmanchando por formigas, entre outros. E na seqüência, ele iria produzir “Idade de Ouro”. Que, mantendo todos esses aspectos surreais, vai trazer uma dura crítica a religião e a burguesia, dentro daquela noção de “libertação” e de quebra das instituições. A maioria de seus filmes vai ter esse caráter subversivo e desafiador da moral, dos costumes, da burguesia, das instituições e da religião.
Veja a baixo o trailer do curta “Um cão andaluz” que mostra algumas das cenas oníricas e subversivas do filme.
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