segunda-feira, 28 de maio de 2012

Obey the giant [Júlia Amaral] #3

Quando meu primo me convidou para um bate-papo com Shepard Fairey, quatro meses atrás, confesso que esse nome não carregava significado algum para mim. Somente quando descobri que tratava-se do criador do famoso cartaz azul e vermelho de Obama associei o nome à pessoa. O americano, natural da Carolina do Sul, que ficou famoso após a enorme repercussão de seus stickers de Andre The Giant, é também o responsável pelos adesivos do Occupy Wall Street. 


Ao longo da última semana, li entrevistas com Shepard Fairey e outros artistas, encontrei um filme produzido a partir da sua história de vida, assisti o documentário sobre grafitti "Bomb It" - que conta com a participação de Fairey -, pesquisei mais sobre o processo que ele está sofrendo (visto que no bate-papo com o artista ele não pode falar muito sobre o assunto, por questões judiciais), descobri que ele fez um clipe do Death Cab for Cutie e repassei o arquivo de imagens de Shepard.



Mas o que consumiu grande parte do meu tempo foi reler minhas anotações do bate-papo com Shepard Fairey, relembrar o conteúdo do livro Obey: Supply and demand, e tentar traçar um perfil do artista. Quando li a obra e descobri que os stickers de Andre The Giant eram apenas um trabalho de faculdade, questionei Shepard Fairey como artista de rua. Que tipo de artista cria uma ideologia depois que seu trabalho está disseminado, só para validá-lo? Como aceitar que alguém que faz arte urbana, que deveria criticar o sistema capitalista, capitalize a sua arte?

Ao ouvi-lo ao vivo no Dallas Contemporary, obtive respostas, e a imagem de uma pessoa contraditória, que eu tinha a respeito de Shepard Fairey, foi subtituída por um sentimento de admiração.
Bate-papo com Shepard Fairey no Dallas Contemporary

A campanha Obey the giant, que princípio não tinha proposta, ao não promover produto algum, transformou-se em uma crítica à "...indústria de persuasão através da qual aceitamos a promessa oca do que consumimos para definir quem somos..." (p.132) [1]. 

Shepard Fairey afirma que grafitti não gera dinheiro, só consome. Por esse motivo, ele acredita em direitos autorais e no lucro vindo do seu trabalho, o que me parece justo. O artista também defende a venda de produtos que financiam uma causa, pois alega que isso é mais interessante do que pedir que as pessoas doem dinheiro sem receber nada em troca, o que seria uma caridade motivada pela culpa. Assim como Banksy, Shepard Fairey critica a elitização da arte: quando rotulam seu trabalho como muito óbvio, ele se defende dizendo que quando a arte é excessivamente ambígua, muitas pessoas não a compreendem. Ele quer que essas pessoas compreendam, que quem não vai ao museu, queira ir a ele.



























Bibliografia:

[1] SCHILLER, Carlo McCormick, March Schiller e Sara. Trespass - história da arte não encomendada. Editora Taschen, 2010, 318 p.

3 comentários:

  1. Oi, Júlia! Ótimo post e bem ilustrado, mas, na minha opinião, em excesso. Talvez fosse mais adequado escolher algumas imagens e comentá-las/contextualizadas. Um abraço, Danila.

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    1. Ok, Danila. Optei por colocar o máximo de imagens possíveis para evitar redirecionar o leitor para outro banco de imagens. Mas vou levar sua crítica em consideração no próximo post.
      Obrigada.
      Abraço

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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