segunda-feira, 28 de maio de 2012

A inversão de ideologias em "Princessa Mononoke" [Mariana Pereira] #3


Continuando a saga pelos filmes do estúdio Ghibli, o programado para essa quinzena é o longa “Princesa Mononoke”, um drama de época focado no envolvimento de um jovem na batalha entre os espíritos guardiães da floresta e os moradores de uma vila que sobrevivem a partir da extração do aço.

Uma princesa envolta por sangue, espíritos selvagens e violência

Sen é uma adolescente que foi criada por lobos a e devido a isso, desenvolveu profundos laços afetivos com o mundo místico e a fauna da floresta. Assim como Nausicaä, ela também é determinada, corajosa e disposta a se sacrificar para atingir sua meta, mas ao contrário da princesa que poderava com racionalidade todos os lados do problema antes de chegar a uma conclusão, Sen é impulsiva e violenta. Sua principal inimiga é Lady Eboshi, líder da comunidade do aço e lutadora implacável, que quer defender seus companheiros a qualquer custo. As duas personagens femininas estão completamente engajadas em seu combate mortal e cabe, pela primeira vez em um filme de Miyazaki, a um personagem masculino a conciliação da disputa. Ashitaka é um guerreiro que tem acesso a ambos os lados e crenças antagonistas e, por isso, possui uma noção completa da situação.

Ashitaka e Eboshi: o homem como conciliador de duas forças destrutivas

Durante o segundo encontro presencial, ao contar um pouco sobre como Miyazaki construía a sua ideologia de mulher a partir de elementos etéreos e ligados ao ar e a água, fui questionada se o diretor não possuía uma visão distorcida e idealística demais, mas acho que com esse longa-metragem, a inversão dessa ideologia é clara, já que tais características são inerentes a um homem. Sen e Eboshi, por sua vez, possuem a sede de sangue e a visão limitada que antes eram atribuídas aos personagens masculinos. Apesar disso, o diretor não abre mão da criação de personagens complexos e profundos, dando às duas personagens virtudes de espiritualidade e compaixão.

Na próxima postagem, analisaremos mais uma construção masculina e como uma princesa desastrada e passiva pode também ser uma grande adição ao roteiro com o filme “Castelo no Céu”

Um comentário:

  1. Muito legal o seu post, Mariana. Até fiquei com vontade de assistir esse filme. Parabéns!!!

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