Continuando a saga pelos filmes do estúdio Ghibli, o
programado para essa quinzena é o longa “Princesa Mononoke”, um drama de época
focado no envolvimento de um jovem na batalha entre os espíritos guardiães da
floresta e os moradores de uma vila que sobrevivem a partir da extração do aço.
Uma princesa envolta por sangue, espíritos selvagens e violência
Sen é uma adolescente que foi criada por lobos a e devido a
isso, desenvolveu profundos laços afetivos com o mundo místico e a fauna da
floresta. Assim como Nausicaä, ela também é determinada, corajosa e disposta a
se sacrificar para atingir sua meta, mas ao contrário da princesa que poderava
com racionalidade todos os lados do problema antes de chegar a uma conclusão, Sen
é impulsiva e violenta. Sua principal inimiga é Lady Eboshi, líder da
comunidade do aço e lutadora implacável, que quer defender seus companheiros a
qualquer custo. As duas personagens femininas estão completamente engajadas em
seu combate mortal e cabe, pela primeira vez em um filme de Miyazaki, a um
personagem masculino a conciliação da disputa. Ashitaka é um guerreiro que tem
acesso a ambos os lados e crenças antagonistas e, por isso, possui uma noção
completa da situação.
Ashitaka e Eboshi: o homem como conciliador de duas forças destrutivas
Durante o segundo encontro presencial, ao contar um pouco sobre
como Miyazaki construía a sua ideologia de mulher a partir de elementos etéreos
e ligados ao ar e a água, fui questionada se o diretor não possuía uma visão
distorcida e idealística demais, mas acho que com esse longa-metragem, a inversão
dessa ideologia é clara, já que tais características são inerentes a um homem. Sen
e Eboshi, por sua vez, possuem a sede de sangue e a visão limitada que antes
eram atribuídas aos personagens masculinos. Apesar disso, o diretor não abre
mão da criação de personagens complexos e profundos, dando às duas personagens
virtudes de espiritualidade e compaixão.
Na próxima postagem, analisaremos mais uma construção
masculina e como uma princesa desastrada e passiva pode também ser uma grande
adição ao roteiro com o filme “Castelo no Céu”
Muito legal o seu post, Mariana. Até fiquei com vontade de assistir esse filme. Parabéns!!!
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