segunda-feira, 14 de maio de 2012

Imagine a city where graffiti wouldn't be illegal [Júlia Amaral] #2


Imagine uma cidade em que todos fossem livres para desenhar e os muros estivessem cheios de cores e frases; uma cidade que parecesse uma festa para a qual todos foram convidados, e não somente agentes do governo e magnatas de grandes empresas. Essa é a cidade ideal de Banksy, o artista urbano (supostamente) britânico, tema de meu post de hoje.


A identidade do artista é desconhecida - pena que não pude comprá-la quando estava sendo ofertada no eBay. Existem reportagens que teriam sido feitas com ele, divagações sobre como ele lucra com a mídia que critica, especulações de que ele tira renda de seu trabalho vendido por agentes, discussões sobre sua rixa com Robbo e até editoriais inspirados na figura mítica de Banksy. Essas curiosidades, porém, foram descobertas com uma rápida pesquisa no Google; não foram meu foco, nem consumiram muito tempo em minha quinzena de estudos sobre arte urbana.


Nas últimas duas semanas, dediquei-me a selecionar trabalhos no livro "Wall and piece" e assisti novamente o filme "Exit through the gift shop", ambos projetos de Banksy. Por meio destes e de seu site, pude observar algumas características do artista britânico: Banksy demonstra ironia frequentemente e apresenta fortes críticas à sociedade capitalista em todas as suas formas (consumismo, elitização da arte, exploração dos recursos naturais, publicidade e propaganda).


Um tema recorrente nas obras e falas do artista é a publicidade. Banksy afirma que as empresas vandalizam a cidade, espalhando seus slogans por todas as partes, incitando o indivíduo a comprar seus produtos. Essas mesmas empresas não entendem graffiti, porque acreditam que nada pode existir a menos que gere lucro. Banksy ainda ironiza dizendo que graffiti só é perigoso para três tipos de pessoas: políticos, publicitários e graffiteiros. A manifestação nos muros é a melhor forma de contra-atacar e responder as empresas, segundo o artista.


Um trecho do livro "Wall and piece" apresenta outra crítica, à elitização da arte. Tomei a liberdade de traduzi-lo livremente: "Ao contrário do que muitos dizem, graffiti não é a forma mais baixa de arte. (...) essa é, na verdade, uma das formas de arte mais honestas disponíveis. Não há elitismo ou hypeness, ela exibe-se nos melhores muros da cidade e niguém é excluido pelo preço da entrada.". A ideia transmitida assemellha-se à proposta por Shepard Fairey, como relatarei em meu próximo post.


Pintura no muro da Palestina

Suposta reação de um senhor às pinturas de Banksy no muro da Palestina

Banksy brinca com o efeito causado por obras modernistas

Quadro afixado por Banksy no Louvre


Arte urbana: a "peste" que se espalha

"Qualquer propaganda em espaço público (...) é sua (...) para pegar, modificar, reutilizar"

Referência bibliográfica:
BANKSY. Wall and piece. Editora Random House UK, 2007, 240 p.

Um comentário:

  1. Oi, Júlia! Excelente post! Parabéns!

    Só uma lembrança: citações literais dos textos utilizados como referência devem vir com número da página onde aparecem.

    Um abraço,
    Danila.

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