domingo, 27 de maio de 2012

Comerciais que mesmo sem fala, dizem muito! [Carla Resgala] #3

O Baixinho da Kaiser foi outro personagem marcante na história da propaganda brasileira. A DPZ, novamente, apostou em um personagem aparentemente sem brilho (como o da Bombril apresentado no 1º post) e que deu bons resultados por longos anos.
A primeira aparição do Baixinho foi no comercial Banheiro (1987), onde ele aparece fazendo um ‘grande’ xixi, relacionando ao slogan do produto: Kaiser, uma grande cerveja.

É interessante ver que o filme traz homens altos, em contraste com o Baixinho que mesmo pequeno comportava bastante líquido, ou seja, bebeu muita Kaiser.
Ao me indagar o porquê dessa propaganda, aparentemente simples, ter ganhado um Cannes, fica ainda algumas dúvidas. Marcondes diz que “Banheiro traz o Baixinho em seu melhor momento, quando entra para fazer xixi num banheiro público”. Mas me pergunto: o prazer não deveria ser o de beber a Kaiser e não o de eliminá-la?

Já o comercial “O Primeiro Sutiã” (1987), criado por Olivetto para a Valisere em uma ideia de rejuvenescer a marca, é emocionalmente envolvente. Foi um dos comerciais mais premiados do Brasil e está na lista dos “100 Melhores Comerciais de Todos Os Tempos”. O filme mostra o fascínio de uma adolescente ao usar o seu primeiro sutiã e a sua timidez em ser notada como mulher.

Para época, isso foi uma quebra de tabu, pois não se via propagandas de roupas íntimas na TV, e agora não só era representado como também era delicadamente associado à felicidade de uma menina de 11 anos ao usar seu primeiro sutiã.
O Slogan “O primeiro sutiã a gente nunca se esquece” virou bordão nacional e fez as meninas darem importância e agregarem emoção ao uso do primeiro sutiã, tornado-se, segundo Cadena, um objeto de desejo em um momento mágico onde a menina se sente mulher.

Obs: Diante de algumas dificuldades, foi necessário modificar o cronograma:
4º post: 1988: Mãe e Filha- PHEBO e Passeata- STAROUP
5º post: 1989: Hitler- Folha de S. Paulo e Meninas- AFAI

4 comentários:

  1. Ei Carla, excelente as análises e o material linkado, utilizado como base. Vejo que você tem conseguido fazer as análises e recolher um bom material mesmo com a escassez de bibliografia e a dificuldade de encontrar as propagandas.

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  2. Carla, fiquei pensando no baixinho da Kaiser. Por que tanta popularidade? Considerando que a publicidade sempre faz uso dos símbolos sociais construídos compartilhadamente em sociedade (com base no cotidiano, usos, costumes, hábitos), talvez a imagem do baixinho tenha grande vinculação com os brasileiros. Popular entre as mulheres, fanfarrão boa praça, talvez essa imagem produza símbolos que gerem vinculação ao imaginário brasileiro.

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    1. Que interessante Regiane, não havia pensado nisso. Realmente, é provável. Pessoalmente, é estranho pensar que essa imagem seja popular entre as mulheres (pois não conheço muito esse meio alcoólico), mas pelo menos acredito que seja a imagem que os consumidores gostariam que fosse verdade. Lembro que quando eu era mais nova, meu irmão mais velho assistindo a uma propaganda do baixinho disse que até que enfim eles estavam usando de mais "realidade" na propaganda, mostrando que os consumidores de cerveja não são geralmente aqueles homens e mulheres bonitos sempre representados, mas sim homens barrigudos querendo estar rodeados por mulheres lindas.

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  3. Isso é verdade Carla. A maioria dos beberrões são bem barrigudos mesmo, rs rs

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