segunda-feira, 11 de junho de 2012

Um pouco sobre Godard [Isabela Guimarães] #4


O “um pouco” do título eu justifico com a amplitude das produções de Godard, quando comparadas à profundidade da minha pesquisa, podendo dedicar somente um post/uma quinzena para esse cineasta. Essa é a minha impressão depois de ler e escutar inúmeros adjetivos a ele, podendo identificar somente alguns nos filmes vistos: Acossado (1959) e Viver a vida (1962).
Godard, assim como Truffaut e outros diretores que se destacaram na Nouvelle vague, também era crítico de cinema e foi depois de escrever para a Cahiers du Cinéma (aquela em que Truffaut publicou o artigo que criticava sem piedade os diretores que estavam fazendo sucesso na época, do “Cinema de Qualidade”) que se tornou um cineasta. Ainda se tratando dos diretores desse movimento como um todo, no primeiro post comentei de uma característica importante: a política dos autores. Isso significa que os filmes da Nouvelle vague continham traços biográficos - como comentei que “Os incompreendidos” de Truffaut falava muito da sua infância - e, portanto, diziam muito sobre os seus autores. No caso de Godard, acredito que uma das principais características é a “marginalidade”, a vontade de romper com o que estava vigente à época. “Se ainda tenho influência, se os jovens cineastas vão ver meus filmes para aprender, é porque mostro-lhes que se pode fazer filmes sem dinheiro. Meu lugar é marginal, porque considero que ficar á margem de alguma coisa é colocar-se no lugar do público, ter seus olhos, julgar com seus critérios.” (3)

Eu realmente consegui detectar essa marginalidade, esse caráter experimental em Acossado (1959) e Viver a Vida (1962): além de Acossado ser o primeiro filme feito com uma câmera na mão - uma ruptura para os padrões de cinema da época - há vários cortes, de certa forma, mal-feitos para quem tem um olhar mais perfeccionista. Isso porque se percebe claramente que a cena foi regravada momento posterior e, portanto, o som do ambiente é diferente da primeira parte daquela cena. Há um trecho interessante que explica bem o caráter experimental da Nouvelle vague e, ao meu ver, particularmente de Godard: “os novos cineastas conceberam o cinema como dispositivo tão leve e prático quanto um caderno de notas e uma caneta. Tiraram o cinema dos estúdios e o levaram às ruas, valendo-se de equipamentos leves. Por fim, subverteram a hierarquia do cinema francês, na qual o aspirante a diretor deveria começar como segundo assistente, ir galgando posições numa escalada lenta até chegar a dirigir seu primeiro filme, em geral com 40 anos de idade.” (2) Os "jovens turcos" dos Cahiers mostraram que era possível e desejável queimar etapas.


(Os “jovens turcos” são Godard, Truffaut, Resnais e Truffaut, diretores de destaque da Nouvelle vague)


Abaixo, o vídeo do filme Acossado completo. Sugiro que vocês assistam a partir de 1:12:37 e percebam nos próximos 3 minutos a quantidade de cortes como os mencionados acima.

(Os “jovens turcos” são Godard, Truffaut, Resnais e Truffaut, diretores de destaque da Nouvelle vague)

Referências bibliográficas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Luc_Godard
(2) http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,da-cinefilia-a-politica-dos-autores,316334,0.htm
(3) Livro sobre Godard que a professora Cláudia Mesquisa me emprestou, mas estou sem o nome.. Cláudia, me ajude a lembrar?

Um comentário:

  1. Oi, Isabela!
    Ótimo post! Faça apenas mais uma revisão para tirar repetições, ok?

    Um abraço!

    ResponderExcluir