quinta-feira, 21 de junho de 2012

Desconstruir [Marcos Antunes] #5

Descontruir, criticar, incitar a dúvida, estimular a reflexão e de volta ao descontruir, essencialmente desconstruir. Ao final da leitura da obra de Laerte e de encontro com sua personalidade e seu objeto, o que posso sintetizar da sua produção é uma tentativa de desconstrução, uma necessário tentativa de desconstrução.

Os conceitos fundamentalistas engessados que predominam em nossa sociedade majoritariamente machista, patriarcal e dicotomizada são fortemente confrontados pelo trabalho produzido pelo cartunista. Minha tentativa de estudar o gênero na mídia, por ser guiada pelas tirinhas do cartunista Laerte (e claro, a bibliografia escolhida também) me levou a crer em uma ideia que a princípio torna inútil todo esse trabalho: a ideia de que Gêneros não existem.

Ora, se me propus a estudar as categorias de gênero e fui levado a crer ao final de minha incursão que estas na verdade não existem, algo de estranho tem de ser explicado: Estas categorias existem no status quo em que são construídas, num campo de subjetividade, em um certo nível de abstração, mas não passam daí; por si só não tem existência alguma e não impõe nenhuma característica específica de homens ou mulheres, rosas ou azuis, heterossexuais ou homossexuais. O gênero é mais uma das ferramentas de classificação impostas para alocar entre caixinhas rotuladas indivíduos forçados pelo construcionismo social (e pela própria língua que já os torna INDIVIDUAIS) a se atomizarem e limitarem, seguindo padrões utópicos através de paródias pérfidas.

Assumir a predominância desse modelo utópico dicotômico de gêneros simploriamente separados: Masculino e Feminino, é aceitar a influência que ele exerce sobre todas as trocas comunicacionais e mediações do inter subjetivo; entretanto é também reconhecer seu caráter plástico e espúrio e entender a necessidade real dos que lutam por sua desconstrução. Porque é sim necessário desconstruir.

Fonte tirinha: http://murieltotal.zip.net/

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