domingo, 3 de junho de 2012

Assuntos da mesma temática [Clara Novais] #3.2

Eu havia nomeado meu último post como 3.1 para que este  fosse o 3.2 após encontro, uma vez que eu estava bastante perdida e um pouco desesperada.  Entrego aqui, então, o complemento do meu terceiro post.

Esta semana trabalhei com a abordagem feita pelos cadernos EM Cultura e Ilustrada para assuntos de mesma temática.

Shows

Show do Bob Dylan

Bob Dylan se apresentou em abril deste ano em diversas cidades brasileiras.

O Ilustrada fez a cobertura do show de São Paulo de uma maneira nada convencional:
Uma história em quadrinho de Rafael Grampá tomou mais da metade da página. Frases com formato de narrativa descreviam aspectos da apresentação: como a cor das luzes do palco, músicas que mais chamaram a atenção e a voz do cantor.

Em seguida, a crítica, como definido pelo jornal, foi feita em forma de carta ao cantor. O jornalista Ivan Finotti escreve diretamente para o artista em um tom bastante informal. Incluindo gírias, perguntas e até mesmo símbolos gráficos como o sorriso  e o coração utilizados digitalmente ( :D; <3 ). Ele até se arrisca em pedir ao cantor para que grave um disco com as músicas da apresentação.

Apesar de direcionada ao artista, a mensagem acaba por nos descrever como foi a apresentação. Quais músicas levantaram mais o público, quais o critico musical não gosta muito e como Bob Dylan dançou, mandou beijinho para a platéia no final e fez versões ainda melhores de suas músicas antigas.

Quase entrei em desespero quando não encontrava nada sobre o show do Bob Dylan no EM Cultura.

Finalmente encontrei o colunista de sexta-feira, Arnaldo Viana, em uma crônica em que apresentava dois amigos tentando comprar ingressos para o show com cambistas, praticamente um jornalismo gonzo.

O show de Dylan foi outra vez tema no dia de sua apresentação, em que Thais Pacheco tratava da dificuldade em se conseguir ingressos para o show, as expectativas de alguns fãs específicos em relação ao show e casos de outros que já foram em shows do cantor em outras situações.

Folheei diversas edições do jornal e me utilizei da busca EM de conteúdo do jornal impresso e não encontrei uma crítica sobre o show em si. Nem o de Belo Horizonte, nem os de outras cidades. O que foi uma decepção. Como um cantor de renome internacional, que sua estadia foi temática até mesmo para outros cadernos, não teve seu show abordado nas páginas impressas do Jornal Estado de Minas?

Em suma: O caderno Ilustrada deu chamada de capa para a apresentação do cantor internacional Bob Dylan e retratou seu show por meio de quadrinhos e carta informal. Já o caderno Estado de Minas só tratou dos preparativos para o show, não cobriu a apresentação (na versão digital do caderno Divirta-se tem uma cobertura, mas nada no impresso).

Festival Lollapalooza


Já o Festival Lollapalooza, que ocorreu em São Paulo nos dias 7 e 8 de abril ganhou cobertura de ambos os cadernos. 

Para o EM Cultura, Mariana Peixoto descreveu o sucesso do festival em quase uma página inteira na segunda-feira após o festival. De maneira convencional, ressaltou como a banda Foo Fighters foi a principal atração e fez comentários aos shows que mais lhe agradaram. Em outra parte do texto, ela narra o comportamento do público e como os dias de festival estavam quentes. Há ainda uma parte em que compara esta edição - a primeira no Brasil - com as que já aconteceram em outras partes do mundo. Fotos foram utilizadas para ilustrar o show do Foo Fighters e da Joan Jett, considerados de maior impacto pela jornalista. 

No Ilustrada, a cobertura foi ainda maior. Foi matéria de capa, na capa, do caderno já um dia após o festival. Thales de Menezes apontou um quadro com erros e acertos do festival ao lado de um texto em que dizia que o Lollapalooza estreiava no país com mais acertos que erros, dissertava sobre tál situação e abordava diversos aspectos do evento (alimentação, infraestura e line up eclético), ao mesmo tempo que o comparava com outros festivai já realizados no Brasil, SWU, Rock N Rio e Planeta Terra .O mesmo jornalista, em conjunto com Rodrigo Levino, deram enfase aos shows da banda inglesa Arctic Monkeys e da nacional Racionais, diferentemente da jornalista mineira.  

Houve ainda uma sessão - nomeada Lolla lá - em que o jornalista ressaltava outros aspectos do festival, como a lotação do metro, as filas bem organizadas e preços de ingressos por cambistas. No topo, uma foto grande do público que estava na grade de uma das apresentações e dividindo as sessões, fotos de artistas que se apresentaram e do criador do festival.

Resumindo: Ambos os cadernos tiveram uma cobertura convencional do festival. O Ilustrada abrangeu mais aspectos que o Em Cultura, o que se esperava, uma vez que o festival ocorreu em São Paulo. Fotografias foram apenas ilustrativas e o Ilustrada deu capa para o tema.

Novelas

No quesito novelas decidi por ver a abordagem dos cadernos em relação à estréias. 

Avenida Brasil

O Ilustrada entrevistou o ator da novela no início do mês de sua estréia - a novela estreou em 26 de março - em matéria na capa do caderno que ressaltava o fato da mocinha de Avenida Brasil ter perfil de anti-heroína.  Na entrevista, o autor diz que sempre quis torcer pelo bandido, o por isso de sua personagem ter essa característica. Ele ainda apresenta a temática da novela, seu surgimento, suas influências e fala de sua experiência como autor de novelas e de como vê a dramaturgia brasileira.

Na mesma matéria, outra coluna trata dos atores que interpretam jogadores de futebol. O autor conta que gosta do esporte, mas não entende muito e que o escolheu como fator de ascensão social, tema bastante trabalhado na novela.  Há ainda uma descrição de como foi feito o laboratório dos atores que são personagens jogadores.

Retomando o fator diferencial da novela, que é a mocinha ser uma anti-heroína, a Folha ilustrou a matéria com foto-caricaturas (cabeça foto e corpo desenho) de grandes vilões da dramaturgia da Rede Globo.

Outras notícias relacionadas ao tema saíram no jornal ao longo do mês. O fato da Rede Globo estar focando na classe C, que uma versão "limpinha" - como definido pelo jornal - da música "danza kuduro" seria tema da novela e a primeira participação da atriz Fabíula do Nascimento (já bastante conhecida no cinema).  Ainda, na coluna "Outro Canal" de Keila Gimenez, tratou-se de alguns fatos da produção da novela e, após sua estréia, seus índices de audiência e comentários sobre os bastidores, como usual em relação a grande parte dos programas de televisão brasileiros de grande público.

O EM Cultura conta com o caderno TV aos domingos para tratar das novelas.  No domingo anterior à estréia da novela, o personagem Tufão de Murílo Benício, foi capa de tál. Nas duas páginas do centro do caderno foi feita uma apresentação da novela. A matéria começa narrando a história inicial da novela, depois trata de algumas gravações feitas em Urberlândia e Argentina - fora do eixo Rio-São Paulo em que se dá a maioria das produções da Globo - e, em seguida, a festa de lançamento da novela no baile funk "A Favorita" na Rocinha ganhou destaque. Em seguida, apresentou-se os personagens principais da trama e os descreveu.

O caderno tomou como temática principal da novela o futebol, uma vez que a matéria chamava "Entrando em Campo" e uma das suas colunas, em que se falava do Murílo Benício na festa, levou o nome de "O Craque".

O EM Cultura também tratou da estréia da novela em outras ocasiões, falando da classe C, como a Folha, e na sessão Caras e Bocas de fofocas sobre os preparativos para a novela.

Diferentemente da Ilustrada, o Em Cultura escreveu sobre a repercussão do primeiro capítulo o comentou em um texto fora de suas sessões usuais.

Assim: O Ilustrada deu destaque maior para a estréia da novela já quase um mês antes de sua estréia, o EM Cultura só o fez um dia antes da estréia. Ambos lançaram pequenas notícias em relação aos preparativos da novela e trataram do fato da Globo estar se voltando para a Classe C. Fotos foram recursos ilustrativos e o folha de São Paulo ainda contou com caricaturas de personagens de outras novelas para tratar do tema vilões. Apenas o Estado de Minas comentou sobre o capítulo de estréia da novela

Carrossel


A novelinha infantil não ganhou tanto destaque no Ilustrada. Algumas notícias enquanto a novela ainda estava sendo elaborada, como a possível participação da Professora Helena original - a novela é um remake do sucesso mexicano dos anos 1990 - na novela e o atraso da produção em alguns aspectos.

No dia de sua estréia, 21 de maio, ganhou um pequeno destaque na página "Televisão". Um pequeno resumo da novela foi apresentado, seu horário e o fato de seu roteiro ser produzido pela filha do Silvio Santos, Iris Abravanel.

Seu sucesso já na estréia e o aumento crescente do seu ibope - surpreendente até mesmo para a emissora - só é tratado pelo "Outro Canal", com pouco destaque.

Já o EM Cultura deu bastante atenção à nova produção do SBT. Diversas notícias referentes aos preparativos da novela foram publicadas com certo destaque. Sua estréia foi capa do TV no dia anterior e nas páginas centrais do caderno apresentaram o enredo da novela e os poucos aspectos em que ela se diferencia da versão mexicana. Havia ainda três perguntas feitas para a autora do remake, a intenção da novela de reunir toda a família e como foi trabalhada para isso e os cuidados que são tomados com as crianças.

Na semana seguinte a sua estréia, a novela foi tema da coluna de Simone Castro, que a elogiou bastante comentou o índice alto de audiência na semana de estréia. Uma semana depois, duas semanas pós estréia, Carrossel foi capa do TV novamente, com o título "Na medida certa", em que destacava o sucesso da novelinha. No interior do caderno, uma entrevista com a atriz Rosane Mulholland que interpreta a Professora Helena, em que fala de seus trabalhos anteriores e de como ficou surpresa com o sucesso da produção.

Em suma: Nem mesmo o sucesso surpreendente da novela foi motivo para a Folha dar grande destaque a ela. Já a produção global foi bastante abordada, principalmente antes de sua estréia. O Estado de Minas parece ter um tratamento indiferenciado para a estréia de novelas. O acompanho e noto que as novelas sempre são capas do TV na semana de seu lançamento -  não só as produções da Rede Globo e do SBT, as da BAND e da Record também - e são tratadas em duas páginas no interior do caderno. O EM cultura tem dado ressaltado bastante o sucesso do remake. Fotos são apenas recursos de ilustração.

Um comentário:

  1. Clara, comparar os cadernos por notícias, ao invés de ser pelo dia, parece ter sido uma boa saída, não acha? Os comentários ao final (com os títulos "resumindo", "em suma", "assim") mostram uma análise autoral sua, o que é bastante positivo. Penso que você pode se ater mais à essas análises e deixar as descrições comparativas mais para o relatório final.

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