segunda-feira, 11 de junho de 2012

Queer – O Cartunista [Marcos Antunes] #4

Entrevista de Laerte Coutinho no SBT

Começar esta postagem com a entrevista dada por Laerte Coutinho para Marília Gabriela no dia 12 de fevereiro deste ano é uma excelente forma de ilustrar o redirecionamento do foco do meu trabalho. Até então falei, esmiucei, me debrucei e apliquei as teorias dos diversos autores que tenho lido para a disciplina ao trabalho de Laerte, conhecendo o seu objeto sob o tema que decidi trabalhar: o gênero. Um pouco mais maduro com relação ao tema, já nessa reta final do semestre, decidi por elucidar um pouco sobre o próprio autor das tiras que tanto li e reli. Laerte Coutinho é, além de um gênio do cartum (ao meu ver) também uma crítica em si do padrão heteronormativo. O cartunista começou a se travestir em 2003, como menciona na entrevista, e assume sua identidade de gênero como transitante entre o feminino e o masculino (se é que precisamos mesmo usar esse dicotomia como referência) desde então.

Nos textos de Beatriz Preciato (que Laerte cita durante a entrevista) e Marcos Renato Benedetti (que produziu um ensaio enunciado “Toda Feita: O corpo e o gênero das travestis”) me encontrei com o termo Queer e pude reconhecê-lo nas performances empregadas pelo autor das tiras. Laerte tem performances queer na medida em que não se adequa aos padrões heteronormativos esperados socialmente enquanto pai, marido e profissional. A sua representação midiática, principalmente em um programa de longo alcance como este, apesar de infelizmente estar alocado no horário reduzido a que tem de se submeter os produtos contra-hegemônicos, revela quão engessada é a concepção de identidade da maioria dos espectadores se tomarmos por base a repercussão que a entrevista teve na grade de programação do canal, e até mesmo nos comentários dos vídeos ou trechos desta, em sites destinados à estes.

Até o fim do semestre e o dia da apresentação, pretendo encontrar os pontos críticos abordados no seu trabalho e localizar a forma utilizada por Laerte para elucidá-los e levá-los ao seu público, que na grande maioria não se vale do repertório de leitura que utilizei aqui, para que eu possa levar aos meus colegas de sala uma visão mais crítica sobre essa questão, evitando que “de cara” os normativos culturais da sociedade ocidental heteronormativa em que vivemos me impeça de apresentá-los esse trabalho tão rico.

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