segunda-feira, 11 de junho de 2012

Heroínas do shoujo e princesas desastradas [Mariana Pereira] #4


O mundo do entretenimento japonês é dividido em diversos gêneros que tem especificidades direcionadas para seus diferentes públicos alvos. No trabalho de Miyazaki podemos encontrar muitas similaridades com o estilo Shōjo, voltado para o público jovem feminino e que foca em temas do relacionamento romântico e emocional humano. 

As heroínas são meninas pré-adolescentes, charmosas e não-sexualizadas, que enfrentam perigos e situações que simbolizam os rituais de amadurecimento. A maioria das personagens de Miyazaki poderia ser classificada sob essa categoria, já que o tema da passagem de idade é recorrente em seus filmes, mas há uma diferença. Enquanto personagens Shōjo são ultra-femininas,  passivas e desastradas, já pudemos perceber que o diretor não constrói seus personagens nessa linha.

Típica Shōjo: Lindas, mas descoordenadas e às vezes até classificadas como "burra"

O Shōjo representa um nicho que ainda está construindo sua identidade, procurando referências de como se comportar e podem encontrar uma referência positiva nos filmes do Estúdio Ghibli. As personagens de Miyazaki são fortes, pró-ativas e indepententes, mas também incorporam características como o zelo, a compaixão, sacrifício; encorajando-nos a reavaliar nossas noções sobre o que consideramos tipicamente “feminino” e “masculino”.

Tendo dito isso, acho importante agora uma rápida análise do filme “Um Castelo no Céu”, que tem uma dupla como o centro da trama: Sheeta e Pazu. Sheeta é a princesa de um reino que se movimenta sob as nuvens e está sendo perseguida por uma gangue que quer se apossar de seus poderes mágicos e uma típica heroína Shōjo. Ao contrário das personagens que conhecemos anteriormente, Sheeta não é ágil ou atlética e é vista com freqüência durante o filme sendo arrastada por Pazu, que assume o controle da dupla e é claramente mais habilidoso fisicamente.

Sheeta e Pazu: simplesmente donzela e príncipe?

 Apesar disso, ela sua determinação e bravura são cruciais durante o clímax do filme. E não podemos esquecer da importante Mama Dola, que pode ser considerado o oposto de Sheeta: ela é a capitã de um avião e lidera uma trupe de homens piratas, que seguem seus comandos cegamente.
Novamente Miyazaki desafia as concepções de gêneros não se restringindo aos clichês femininos que vemos em tantos filmes por aí. Mulheres (e homens!) possuem milhões de facetas e ao invés de condensá-los em simples papéis estereotipados de “macho-alfa”, “donzela em apuros”, Miyazaki elabora personagens complexos e humanos.





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