segunda-feira, 11 de junho de 2012

Só passarinhos [Helena Corrêa] #4

birdsNessa semana assisti ao filme "Os pássaros" (1963), baseado no livro “The Birds”, de Daphne du Maurier. O longa se mostrou bem diferente dos demais assistidos. Primeiramente, o suspense do filme não gira em torno de um crime ou assassinato, mas sim do repentino ataque de pássaros! Pássaros comuns: gaivotas, corvos. Além desse ponto, Hitchcock, diferente de seus outros suspenses, não diz ao telespectador o que acontecerá, ele mesmo diz a Truffaut: "Em Os pássaros, agi de modo que o público nunca pudesse adivinhar qual seria a cena seguinte".¹ Algo que me incomodou bastante é o fato de não ter um "The End". Ele não finaliza o filme, não resolve o mistério dos pássaros violentos, o que nos deixa bem inquietos em frente à tela. Algo que não senti muita falta no filme foi a trilha sonora. Hitchcock utiliza sons, ao invés de música, para representar e enfatizar as emoções dos personagens. Bastava o bater de asas dos pássaros para instigar o medo.
As técnicas usadas pelo diretor também impressionam. Li no texto de Rodrigo Cunha que, na cena de Mellanie dentro da cabine telefônica, por exemplo, há a sobreposição de três películas: “a primeira película tinha Melanie dentro da cabine telefônica, com alguns pássaros atingindo o vidro para ficar real; a segunda camada era alguns pássaros animados que ficavam passando de um lado para o outro em tom ofensivo; e a terceira camada era simplesmente uma pintura!”²
birds cabine
Não poderia faltar a vertente psicológica do filme. Hitchcock diz a Truffaut “durante o ataque das gaivotas no casarão, quando Melanie Daniels se refugia na cabine telefônica envidraçada, minha intenção é mostrar que ela é como um pássaro numa gaiola”. O diretor brinca com o absurdo, mexe com o sobrenatural e ainda nos deixa em um clima de tensão. A falta de trilha sonora na cena em que Mellanie está a caminho de Bodega Bay, bem como quando ela está no barco em direção à casa de Mitch, nos deixa aflitos, à espera de algo que acontecerá em breve. Mas não acontece! E isso se dá até o final do filme. Assim, acredito que o filme se aproxima bastante do terror, como ele mesmo diz no trailer do filme: "The Birds could be the most terrifying motion picture I have ever made".

Referências:
¹ TRUFFAUT, François. Hitchcock/Truffaut: Entrevistas. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2004.
² http://www.cineplayers.com/critica.php?id=290

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Oi, Helena!
    Ótimo post!
    Importante ajeitar apenas alguns equívocos de digitação.
    Um abraço,

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