quinta-feira, 14 de junho de 2012

"Papo de Polícia" [Ciro Thielmann] # 4


       Durante essa quinzena foquei minha pesquisa na análise do programa  “ Papo de Polícia”. Assim como na última quinzena, durante  o processo assisti a determinados  episódios da primeira  temporada   e selecionei três edições  para serem analisadas nessa postagem. O programa levou o policial civil Roberto Chaves para morar uma semana no Complexo do Alemão, depois da ocupação das tropas do Estado. O reality social mostra um cotidiano que revela a riqueza, os medos e a história de quem passou muito tempo sem voz.
    As filmagens duraram uma semana e acompanharam o cotidiano do apresentador com morador do complexo do alemão. O objetivo do programa segundo Beto seria o de, por meio dos depoimentos dos próprios moradores, procurar entender  um pouco mais da logica dos acontecimentos desse lugar. O programa se divide entre imagens da vida do policial dentro da comunidade ( cenas cotidianas) e entrevistas com os moradores das favelas do complexo. As entrevistas são feitas de forma muito aberta e direta e revelam opiniões de pessoas que quase não tem voz dentro da mídia brasileira. O programa se diferencia dos demais programas jornalísticos brasileiros ao discutir a ocupação do complexo do alemão com uma visão interior da realidade, mediada pela visão do policial inserido no contexto, e não de maneira superficial exterior e repressiva como foi retratada pelos demais meios. Em uma das conversas sobre como a mídia abordou a ocupação, um morador afirma que a mídia não mostrou nada do que realmente aconteceu. Os episódios também mostram opiniões de crianças a respeito da ocupação, algo que não é tão comum nos programas convencionais que abordam esse tipo de tema. Em suas conversas Beto tenta entender junto, aos moradores, um pouco mais da realidade dentro do morro e discutir a respeito de estratégias para mudar essa realidade, de uma maneira a mostrar aquilo que de repente não está sendo mostrado para todo o Brasil. O programa também é intermediado por conversas com policiais que discutem a respeito da ocupação, da visão das pessoas de fora sobre a favela e do próprio papel da polícia dentro das comunidades. As discussões geradas pelo programa se mostram muito importantes por abordarem ( dentro de um grande meio de comunicação) um tema polêmico de uma maneira alternativa e sem dúvida mais democrática, ao mostrar e discutir a realidade de um lado que não tem espaço ou visibilidade na mídia brasileira.  
       A partir da análise dos episódios pude concluir que “ Papo de Polícia” tem um caráter mais documental que jornalístico. As entrevistas e a maneira como as pessoas são abordadas são mais abertas e acontecem como conversas, não tem a mesma formalidade dos noticiários, e a temática desenvolvida se estrutura muito mais pela visão dos entrevistados do que pelo apresentador. Isso se aplica também as imagens, que possuem uma linguagem muito cinematográfica, com planos fechados, closes e tempos mortos. Assim como “ Conexões Urbanas” o programa se mostra como um diferencial dentro os demais produtos midiáticos por desenvolver temáticas e discussões a partir de uma face ou um lado que não tem voz na mídia. Para os interessados os episódios podem ser acompanhados no canal multishow 42 ou então pelo site do AfroReggae. 

Um comentário:

  1. Oi Ciro. Boa análise, feita no último parágrafo.Boa diferenciação de formatos e temáticas. Você acha mesmo que o material se estrutura mais pela abordagem dos entrevistados do que do apresentador? E a edição? Como influi nisso? O programa tem tempo definido dentro da grade, deve seguir algum tipo de padronização. Procure explorar isso. Além disso, procure colocar os marcadores (tags) e as fontes de onde tirou os comentários do policial.

    ResponderExcluir