sábado, 23 de junho de 2012

O auge e a decadência tudo ao mesmo tempo em meados da década de 1920 [Camila Santos Marques] #5



Bom, esta ultima semana, que também ficou responsável pela década de 1920, tive que focar um pouco mais nos EUA para que a postagem se tornasse plausível, assim, acabei eliminando alguns filmes que citei no cronograma, mas que tentarei retomar no relatório final. Este, foi o período em que o cinema mudo teve seu maior destaque, explodiu em Hollywood e acabou decaindo, quase que pelo mesmo motivo. O BOOM!

Neste momento, faz-se necessário lembrar Flávia Cesarino e seu livro “O primeiro cinema – espetáculo, narração, domesticação”, que chama a atenção para a construção de um cinema cristalizado, de narrativas previsíveis desde seus primórdios. Digo isto porque foi este um dos maiores problemas que a década em questão enfrentou.

O cinema mudo cresceu demais nos anos 1910 e se transformou de pequeninos barracos que faziam humildes exibições, para imigrantes das classes mais baixas, em enormes espetáculos requintados também  para os estratos mais altos da sociedade. Haja público! “Não era nada fácil contentar aquela massa de mais de 40 milhões de espectadores por semana.” Tal como especificou Celso Sabadin.   O cinema se tornou popular demais, a frequência com que as pessoas assistam aos filmes era altíssima. Chegou ao ponto de cansar, tudo já estava muito batido e repetitivo. “Parecia que tudo já havia sido filmado”, utilizando as palavras do mesmo autor.

Para completar, um novo meio de comunicação  despontou e nesta época e  começou a prender as pessoas em casa, o rádio. Uma novidade que prometia revolucionar a sociedade, pois iria aproximar as pessoas em diferentes partes do país, já que as transmissões radiofônicas expunham o mesmo conteúdo para pessoas diferentes, em locais diferentes ao mesmo tempo.  Uma reviravolta precisava acontecer para atrair o publico de volta para as salas de cinema.

Esta revolução aconteceu, mas acabou com a versão silenciosa da sétima arte na época. Em 1926 a Warnner – que adquiriu os direitos sobre um aparelho que sincronizava áudio e vídeo, o Vitaphone – fez a primeira exibição com som. Mas, ela não agradou muito ao público e as despesas tinham sido altas demais. Tratava-se de um filme da filarmônica de NY. Tentaram novamente um ano depois, em outubro de 1927, desta vez o escolhido foi uma adaptação da Broadway, “O cantor de jazz”. Um sucesso absoluto!!

O cinema não foi mais o mesmo desde então. “O publico não queria mais saber dos filmes mudos”; tristemente muitos artistas viram suas carreiras acabarem da noite para o dia; novos tipos de profissionais e técnicas começavam a ser mais valorizados; as gravações ao ar livre foram interrompidas por um tempo por falta de técnica e o publico lotou novamente as salas de exibições.

Por isto, procurei alguns clássicos para assistir deste período e o primeiro filme exibido com som. São eles “Em busca do ouro”, 1925 e “O circo”, 1928 de Charles Chaplin e “O cantor de Jazz”. Mas, infelizmente, por causa da falta de tempo, confesso, não consegui procurar mais sobre Gordo e o Magro, como prometi, e sobre outras obras mais diversificadas.

Os filmes mudos resistiram, mas por pouco tempo. Ainda bem que hoje a onda Vintage/Retrô que invade as tendências da moda direciona, merecidamente, os olhares para o antigo, o antiquado, o primitivo...o mudo. Foi o que vimos este ano com o sucesso de “O Artista”. 


Veja um pouco de "O cantor de jazz"


Referências bibliográficas 


SABADIN, Celso. Vocês ainda não ouviram nada, a barulhenta história do cinema mudo. São Paulo: Lemos Editorial, 1997.

Clássicos do cinema mudo. BILHARINHO, Guido. INSTITUTO TRIANGULINO DE CULTURA. Uberaba, MG: Instituto Triangulino de Cultura, 2003. 296p

COSTA, Flávia Cesarino. O primeiro cinema - espetáculo, narração, descontrução. Azougue Editorial. Rio de Janeiro, 2005.


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