terça-feira, 12 de junho de 2012

Tipografia, uma expressão do sentimento [Tomás German] #4


O último manual tipográfico que irei tratar, que consequentemente foi o último até então, foi criado no contexto pós-Guerra. Não é mistério para ninguém que esse contexto é caracterizado pela crescente globalização de produtos e serviços configurando uma economia internacional como temos hoje. Dessa maneira, a tipografia não prezava somente pelos atributos da Nova Tipografia de maior facilidade na leitura, já que o mundo está casa vez mais rápido, mas era também dotada de um significado, de um sentido, assim como a própria palavra que representava. Os tipógrafos assim, começaram a fazer releituras das épocas passadas e estudos das percepções que as pessoas possuem com o material impresso. Agora não só mais a palavra possuía significado, mas todo o papel. A preocupação com toda a folha fica muito mais evidente, haja vista que a informação só pelas palavras é muito demorada, deve haver algo de "sedutivo" para que as pessoas leiam aprofundadamente.
Em tal contexto o manuscrito foi relembrado como a forma de demonstrar todas as emoções que o escritor possuía, se ele estava nervoso, sua caligrafia saia mais grossa, quase furando o papel; se estivesse nervoso letras tortas e tremidas eram facilmente perceptíveis, o desejo de também transmitir sentimento passou a ser buscado a partir do Quarto Período tipográfico. Começou a se pensar também em formas internacionais de tipografias. Formas que seriam interpretadas de uma maneira parecida em todos os países, anseio esse motivado pelas multinacionais que precisavam comunicar com consumidores de diferentes cantos do planeta. Não é mais descrito o que é certo e o que é errado, mas o que a forma pode comunicar, de modo que tudo pode estar certo, depende da intenção do desenhista da letra.
A orientação no plano da folha passou a ser questionado, como uma forma de facilitar ou não a leitura. Os designers perceberam que quanto mais dificultamos a leitura mais são as formas que se comunicam, o ideal é que achemos um meio termo para que a leitura não fique chata. Todo o cuidado com a legibilidade passa a ser muito valorizado e para isso as ilusões de ótica são muito estudadas. O contraste passa a ter papel fundamental na valorização de alguns elementos, e até mesmo na legibilidade da mensagem. As variações de cinza e texturas dão um caráter ainda mais sensório as peças tipográficas, assim como o formato do texto. O equilíbrio, o ritmo e até o movimento/velocidade que temos ao ler uma peça, é estudado como também produtor de sentido.
Em suma, as regras são deixadas de lado para uma liberdade de expressão. O estudo da tipografia passa a ser mais para perceber quais são os efeitos comunicacionais que elas podem produzir do que normatizar as produções.
De exemplo desse período atualmente temos tudo. Todos os materiais de uma certa forma fazem releituras dos movimentos tipográficos passados e criam novas tendências como uma maneira de transmitir sentimentos e expressões. O caminho da tipografia agora vai muito mais para transmitir sensações do que simplesmente facilitar a leitura.

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