Durante essa quinzena foquei minha
pesquisa na análise do programa “ Papo
de Polícia”. Assim como na última quinzena, durante o processo assisti a determinados episódios da primeira temporada
e selecionei três edições para
serem analisadas nessa postagem. O programa levou o policial civil Roberto Chaves para morar uma semana
no Complexo do Alemão, depois da ocupação das tropas do Estado. O reality
social mostra um cotidiano que revela a riqueza, os medos e a história de quem
passou muito tempo sem voz.
As filmagens duraram uma semana e
acompanharam o cotidiano do apresentador com morador do complexo do alemão. O
objetivo do programa segundo Beto seria o de, por meio dos depoimentos dos
próprios moradores, procurar entender um pouco mais da logica dos acontecimentos
desse lugar. O programa se divide
entre imagens da vida do policial dentro da comunidade ( cenas cotidianas) e
entrevistas com os moradores das favelas do complexo. As entrevistas são feitas
de forma muito aberta e direta e revelam opiniões de pessoas que quase não tem
voz dentro da mídia brasileira. O programa se diferencia dos demais programas
jornalísticos brasileiros ao discutir a ocupação do complexo do alemão com uma
visão interior da realidade, mediada pela visão do policial inserido no
contexto, e não de maneira superficial exterior e repressiva como foi retratada
pelos demais meios. Em uma das conversas sobre como a mídia abordou a ocupação,
um morador afirma que a mídia não mostrou nada do que realmente aconteceu. Os
episódios também mostram opiniões de crianças a respeito da ocupação, algo que
não é tão comum nos programas convencionais que abordam esse tipo de tema. Em
suas conversas Beto tenta entender junto, aos moradores, um pouco mais da realidade
dentro do morro e discutir a respeito de estratégias para mudar essa realidade,
de uma maneira a mostrar aquilo que de repente não está sendo mostrado para
todo o Brasil. O programa também é intermediado por conversas com policiais que
discutem a respeito da ocupação, da visão das pessoas de fora sobre a favela e
do próprio papel da polícia dentro das comunidades. As discussões geradas pelo
programa se mostram muito importantes por abordarem ( dentro de um grande meio
de comunicação) um tema polêmico de uma maneira alternativa e sem dúvida mais
democrática, ao mostrar e discutir a realidade de um lado que não tem espaço ou
visibilidade na mídia brasileira.
A partir da análise dos episódios pude
concluir que “ Papo de Polícia” tem um caráter mais documental que
jornalístico. As entrevistas e a maneira como as pessoas são abordadas são mais
abertas e acontecem como conversas, não tem a mesma formalidade dos noticiários,
e a temática desenvolvida se estrutura muito mais pela visão dos entrevistados
do que pelo apresentador. Isso se aplica também as imagens, que possuem uma
linguagem muito cinematográfica, com planos fechados, closes e tempos mortos.
Assim como “ Conexões Urbanas” o programa se mostra como um diferencial dentro
os demais produtos midiáticos por desenvolver temáticas e discussões a partir
de uma face ou um lado que não tem voz na mídia. Para os interessados os
episódios podem ser acompanhados no canal multishow 42 ou então pelo site do
AfroReggae.
Oi Ciro. Boa análise, feita no último parágrafo.Boa diferenciação de formatos e temáticas. Você acha mesmo que o material se estrutura mais pela abordagem dos entrevistados do que do apresentador? E a edição? Como influi nisso? O programa tem tempo definido dentro da grade, deve seguir algum tipo de padronização. Procure explorar isso. Além disso, procure colocar os marcadores (tags) e as fontes de onde tirou os comentários do policial.
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