A construção da identidade na
modernidade líquida (pós-modernidade) para Bauman é dada por meio de um desejo
implacável de “estar à frente da tendência de estilo”. Essa é uma expressão bem
usada nas propagandas de moda. “Estar e permanecer à frente da tendência” é ser
reconhecido como referência, e o reconhecimento tem a ver com identidade. “Estar
à frente” é seguro e certo, justamente os sentimentos que mais fazem falta nos
pós-modernos.
Algumas características já ditas sobre
os produtos e sobre a forma de consumo na sociedade consumista, como a
obsolescência embutida, o rápido e fácil descarte, a renovação constante dos
bens, a falta de apego, a perda da noção de perfeição, a falta de anseio pela
eternidade, o constante estar em
movimento etc, podem e são completamente aplicáveis à construção da identidade
do indivíduo pós-moderno. A identidade precisa ser renovada constantemente, é
um “dever disfarçado de privilégio”. A limitação de escolhas pelo passado é
negada, fazendo com que haja uma enorme facilidade em “renascer”; não é
simplesmente uma busca por ser alguém melhor, mas várias tentativas, sem
compromisso, de ser alguém diferente, autêntico, “à frente da tendência”.
Todos esses fatores de construção
de identidade são superlativos na esfera virtual (se é que existe a separação
entre o virtual e o real). A renovação constante da identidade é facilmente
percebida, por exemplo, na exclusão e construção de um novo perfil. E os
motivos são os mais absurdos, sendo o principal o fim de um relacionamento
amoroso. Também existem os usuários que têm mais de um perfil na mesma rede
social.
Bauman traça um oposto muito
forte entre o virtual e o real, o que é altamente questionável. Ele acredita
que está acontecendo uma ampliação do mundo virtual sobre o mundo real, e que
as relações inter-humanas estão se tornando cada vez mais descartáveis e
individualistas. Se isso está acontecendo, acredito, não é pelo advento das
redes sociais, e sim pela mudança do próprio homem pós-moderno. Não é uma
simples relação de causa e efeito, são múltiplos motivos dados ao longo de
séculos e a própria corrupção do homem que o transformou.
Oi, Letícia!
ResponderExcluirÓtimo post! Faltava mesmo alguma perspectiva crítica em relação às proposições do autor.
Um abraço!