Em 1968, pouco antes do nascimento d'O Pasquim, Millôr entra para
o grupo de jornalistas da editora Abril como colaborador da revista Veja. A
publicação, que nascia naquele ano, fundada por Vitor Civita e Mino Carta, foi
lançada com o intuito de se tornar "a grande revista semanal de
informação de todos os brasileiros" (Edição de 11 de setembro de
1968). E se tornou, de fato, a revista de maior circulação nacional e maior
inserção nas classes médias do país, atingindo tiragens superiores a um milhão
de exemplares.
Ainda que no princípio de sua vida a
revista Veja não fosse descaradamente defensora dos interesses conservadores
direitistas, como o faz hoje, com o passar dos anos - e o acirramento da
censura - a publicação foi se alinhando aos interesses do governo. Em seus primeiros
anos de vida, não que fizesse um jornalismo de oposição, mas, de certa forma,
mais combativo e verdadeiro.
É nesse contexto que são publicadas as
bem humoradas e sarcásticas charges de Millôr, que abordavam desde críticas ao
governo até retratação da vida conjugal. Numa época em que o governo militar
mandava, desmandava e outorgar Atos Institucionais havia virado moda, o
chargista retratava a opressão social provocada por essa promulgação
excessiva de leis.
Outro alvo da aguçada crítica de
Millôr foi a cultura massificada, personificada na televisão e sua influência
na vida dos brasileiros. Além disso, o jornalista também exprimia nas charges
sua revolta contra o sistema de cobrança de impostos, as diferenças sociais e a
má distribuição de renda, a emancipação feminina e o consequente ataque à ala
masculina.
Mais recentemente, se tornaram alvo das críticas de Millôr as
constantes viagens internacionais do então presidente Lula, seu estilo
populista e a forma como o ex-presidente encarou a crise monetária
internacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário