É muito curioso como muitos artistas tiveram a legião de fãs multiplicada depois da morte. A aura de glamour e fascínio cresce exponencialmente, assim como o potencial desses ícones em gerar lucro. Um levantamento anual feito pela revista americana Forbes revela que em 2007, treze celebridades mortas, juntas, renderam U$232 milhões para a indústria fonográfica. Elvis Presley faturou U$49 milhões, entre royalties, venda de discos e produtos. Em segundo lugar, John Lennon 17 anos após seu assassinato gerou cerca de U$44 milhões. Até mesmo George Harrison, conhecido como “the quiet Beatle”, possui rendimentos póstumos nada discretos: U$22 milhões.
Longe de me colocar à altura de analisar e investigar esses fenômenos, me proponho a conhecer melhor algumas histórias e a conseguir mostrar que a receita para a imortalidade com muito dinheiro, sucesso e tributos anuais não se deve unicamente ao “bater de botas” dos artistas.
Primeiramente, é necessário compreender que a configuração de um sujeito como celebridade não deve ser pensada pela dimensão instantânea de sua morte. Antes de mais nada, para ser edificada como uma estrela e ter a possibilidade dessa “explosão”, segundo Marshall (1997) o artista precisa ser compreendido como figura pública que ocupa espaço de visibilidade da mídia e construído discursivamente. Sendo assim, a mídia seria responsável não apenas pelo processo de visibilização do sujeito, mas pela própria constituição do sujeito como celebridade por meio de um processo de interlocução que estabelece na sociedade entre os indivíduos da vida cotidiana, a mídia e o contexto social (Morin, 1989).
Portanto, a morte de uma celebridade, seria um contexto que faz emergir valores que levam a mídia a realizar um ato de expressão sobre um sentimento que já existe entre o artista e a sociedade, mas não foi estimulado. Os eventos em torno da morte desse artista envolvem a interação entre os indivíduos, os dispositivos sociais e midiáticos, bem como entre a família do astro, os amigos, os fãs e os profissionais da mídia, os quais constroem discursos que tematizam essa celebridade naquele momento contemporâneo, trazendo à tona sua exposição e mobilizando a sensibilização da sociedade. Toda essa movimentação deixa um caminho aberto à idolatria, em que por meio de toda essa exposição excessiva cativa novos fãs e estimula a venereção por parte dos antigos.
Fernanda Takai relata esse comportamento em canção de Gilberto Gil e Rubinho Troll, chamada “Necrofilia da Arte” (Se o Lennon morreu, eu amo ele/Se o Marley se foi, eu me flagelo/Elvis não morreu, mas não vivo sem ele).
Ei Gabriela.Muito bom! A humanidade da morte,característica incontestável da vida, não faria com que os fãs, se aproximassem, de alguma forma dos ídolos. Os artistas, estrelas tão distantes dos homens ordinários, não se aproximariam dos fãs no momento da morte?
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