domingo, 29 de abril de 2012

As primeiras vanguardas: o ápice do experimental [Raissa Fernandes] #1

As vanguardas do final do século XIX e início do século XX são tipicamente estudas a partir das obras literárias e das artes visuais. Mas como movimento historicamente fundado, o período vanguardista também formou e foi formado pelo cinema daquele momento. Com o estouro da segunda revolução industrial que traz o telefone, a lâmpada, o automóvel e o próprio cinema, o clima era de grande euforia e de crença no progresso. Ao mesmo tempo havia uma pulsão por revolução, com a crise capitalista e os crescentes ideais socialistas. E é nesse contexto que o cinema vanguardista vai se formar. Esse foi um período extremante rico onde o cinema era livremente experimental e podia permutar por inúmeras possibilidades. Como na arte e na literatura, vão existir diversos movimentos, muitas vezes bem distantes uns dos outros, mas há um traço que podemos observar em todos os cinemas de vanguarda desse momento. Todos eles se opõem a tradição artística clássica de mimese, de imitação e propõe “a atividade artística como criação de um objeto autônomo e dotado de leis próprias..”(Xavier, Ismael). O período é conhecido como anti-realista, mas isso é claramente uma questão relativa ao conceito de real. Os cineastas do período buscavam uma realidade mais completa e mais profunda, “muito vasta e profícua para ser abstraída e composta em doses” (Stam, Robert). Buñel comenta que ao escolher a lógica narrativa e o decoro burguês, o cinema convencional havia desperdiçado o seu potencial para a criação de uma arte insurrecional, convulsiva e anti-canônica que visualizaria a “escrita automática do mundo”. Dessa forma, o cinema dos anos 20 e 30 vão se afastar da noção artística clássica e vão buscar uma integração com o real ao invés de uma idealização dele. Nesse cinema: “não há situações preconcebidas, estas nascem em contato com o espaço e tempo reais, determinados, concretos, individuais.” (Sganzerla, Rogério).

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